segunda-feira, 23 de julho de 2007

Bandeijão - Segunda Edição

Falta Público Alvo?

Bom dia. Tá com fome? É uma pena que não dá para comer o papel deste jornal, afinal, na Unifor, a comida tá cada vez mais cara.
A lógica da universidade é brilhante, abre lugar para empresas montarem seus estabelecimentos, em troca de um aluguel, que aumenta bastante a renda já arrecadada com nossas caras mensalidades. Na concessão deste espaço não se pensa se o produto vai ser accessível para a maioria dos vinte cinco mil alunos da Universidade, mas se vai trazer lucro para a família Queiroz.
O último estabelecimento a ser inaugurado no centro de convivência foi um restaurante japonês. A comida japonesa prima para seus apreciadores pelo sabor, por ser saudável e por ser MUITO CARA, ótima para ser consumida nos bares e restaurantes da Aldeota e Meireles, nem tão indicada assim para uma Universidade.
Eles afirmam que não se faz um restaurante universitário por falta de um público alvo. Será que não tem? Será que não tem estudante suficiente nessa Universidade que queira comer uma COMIDA de qualidade e a um preço acessível para a realidade estudantil? É mais provável que tenha.
Se o argumento não for suficiente vem outra pergunta. Será que tem mais estudantes interessados em comer em um restaurante japonês do que num universitário? Lembrem que tem muita gente que não curte peixe cru ou que não curte nenhum tipo de carne.
Sinceramente, esse argumento de falta de público é um tanto quanto calhorda. É muito mais provável que insistam em não abrir um restaurante universitário com medo de tirar público dos restaurantes que alugam espaço no centro de convivência, diminuindo uma pequena porcentagem do lucro dessa instituição sem fins lucrativos, do que realmente falta de um público alvo. A Universidade deveria ter mais respeito com todos os que pagam a cara mensalidade.

Luta Na UFC

Os estudantes da área de saúde da universidade federal conseguiram uma vitória em relação à questão do restaurante universitário. É que no Campus do Porangabuçu, onde acontecem as aulas da Medicina, Farmácia, Enfermagem e Odontologia, não existe um restaurante desse tipo.
Por conta desta falta, os estudantes reivindicaram disponibilidade de uma refeição mais barata. Lutou-se e conseguiram. A solução encontrada aínda não é a ideal – um ônibus faz o transporte gratuito do Campus do Porangabuçu para o restaurante universitário no Campus do Pici – porém já melhorou a condição do estudante na universidade.
Se são possíveis vitórias estudantis na universidade pública, porque não seriam na paga? Esta nos trata como clientes. Já que somos clientes, temos direito de comprar o produto inteiro e não pela metade.

Na FA7 é Mais Barato

Tá com fome? Pois atravesse a Washington Soares e vá comer no restaurante da FA7, lá o prato sai por R$3,50 e dá pra comer bastante. A dica é chegar cedo, pois a comida acaba rápido.

Já temos 1400 e tantas assinaturas no abaixo-assinado pelo restaurante Universitário. O objetivo são quatro mil assinaturas, com isso podemos provar para o grupo Queiroz que o único lugar que não tem público para o RU é a casa da dona Yolanda.

Juvenal e o ENADE - Segunda Edição

Juvenal é um cara legal, universitário, estuda publicidade na Unifor. Gente boa, bom de papo, bom de copo. Se dá bem com as meninas e com os meninos, é desenrolado. A aparência física do Juvenal? Ele é assim o que chamamos de normal: magro, moreno... sei lá... Tem um estilo meio alternativo.

Juvenal poderia ser o cara perfeito, se não fosse por um único defeito: foi selecionado para fazer o Enade. Mas porra, Juvenal, que merda é o Enade? O Enade, pelo que foi dito ao nosso jovem acadêmico, é o Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes. É assim, ó: ele serve para ver o nível das escolas de ensino superior e, se você não fizer a prova, você não recebe o seu diploma quando se formar.

Pô, olhando assim, a prova até que poderia ser justa, mas puta que o pariu, ser obrigado a fazer é sacanagem, só pode ter treta no meio. Por isso que o inconformado Juvenal, resolveu dar uma olhada no que significa essa prova, e até que não foi difícil; perceptível como ele é, logo sentiu o cheiro da bosta.

Descobriu que o Enade é a prova que veio substituir o antigo Provão, lá dos tempos cavernosos do tal Fernando Henrique Cardoso. O diabo do provão era muito criticado, ninguém gostava, quer dizer, o governo federal e os gringos investidores, deviam gostar.

Aí, quando mudou o governo, inventaram um treco chamado SINAES, que é o Sistema Nacional de Educação Superior. O primeiro projeto do Sinaes foi bastante aplaudido, bem aceito por diversos setores da sociedade; óbvio que teve que passar por mudanças. Inventaram umas comissões fajutas para fingir que a formulação do novo sistema era democrático, o povo chiou, aí foram mudando, mudando, mudando... Até que saiu algo bem parecido com as coisas do FHC.

O Enade – além de mais uma sigla chata para decorar – é a prova de avaliação criada com Sinaes. Essa tal prova, se não é igual, lembra muito o provão. Mas se ninguém concordava com o provão, aceitaram o Enade? Lógico que não, Juvenal. O povo viu que a melhor forma de ser contra essa prova era fazer como era feito no provão, ou seja, zerar a prova.

Mas pô, Juvenal, o que será que tem de tão ruim nessas provas? Cara, é o seguinte: primeiro o fato de ser obrigatória e punitiva... Pô, é uma tremenda sacanagem cassar o diploma de quem não for fazer a prova.

Segundo, é que não leva em conta as características regionais. Imagina: já é completamente diferente uma grade curricular de uma universidade para outra, quanto mais de um estado para outro. Um exemplo disso foi na prova do Enade da Educação Física, onde perguntaram como era a prática de determinado esporte em clima de neve; óbvio que isso não se encaixa na especificidade local.

Mas Juvenal, não tem também uma parada de “rankiamento”? Pois é, para um bom publicitário é fácil sacar qual é a desse lance. É que o Enade na verdade não avalia. E mais: diminui os investimentos das universidades públicas que tiverem baixo desempenho, quando deveria ser o contrário – se está ruim tem que melhorar. Isso faz parte de uma política de transformar o público em privado. Hoje não era pra ninguém estar estudando no ensino privado, e sim na universidade pública; acaba que pagamos duas mensalidades: os impostos para a educação e a mensalidade da universidade.

O rankiamento é importantíssimo para as universidades particulares, com isso elas tentam passar a idéia de que são melhores que as outras, aí surgem as bizarrices como “cursinho preparatório para o Enade” promovido pelas universidades pagas... O problema é que o Enade e o Sinaes acabam não avaliando de verdade a questão da Universidade – pesquisa ensino e extensão –, ou seja, fazem uma avaliação falsa.

Errata: é errando que a gente se fode. – Segunda Edição

Muito prazer, pra quem não me conhece sou o Gabriel, um dos viabilizadores desse jornal. Pra quem já, sabe muito bem que tranquei a faculdade desde o ano passado. Mas é com grande tesão que ajudo o pessoal do D.A. a fazer esse informativo que você tem em mãos. Sim! Eu ajudo. Mas também é só isso, porque pelos 3 anos que vivi no ambiente universitário, 2 e meio desses foram engajados no Movimento Estudantil. E mais, durante metade disso a dedicação era quase de 100% (coisa absurdamente desnecessária que não aconselho a ninguém, e muito menos pretendo fazer de novo). Mas sem arrependimentos claro. Então quando me vem a oportunidade de dar esporadicamente uma mãozinha para uma casa que eu ajudei a construir (por mais que hoje nossas idéias sejam tão diferentes) não hesito em acudir.

Faço esse espaço na verdade para agradecer os ávidos leitores do Tzão. Nós agradecemos aos que gostaram, e aos que não. Logo que desde a primeira edição ouvimos críticas e elogios com muito afinco. Então só queria dar uma de Ombudsman e fazer um espaço de reflexão.

A força do grupo que viabilizou esse folheto vem tanto do Diretório quanto dos estudantes. Então quando escutamos elogios e críticas ficamos felizes por sabermos que a mensagem está sendo recebida. Porque deixo escrito aqui que não é fácil fazer um negócio apressado, em preto e branco, e ainda xerocado. Todo mundo que trabalha com Fanzine sabe do que eu estou falando. Quando a foto, ou a fonte é linda, mas a máquina de xerox é decadente e mancha toda a página. E usando papel reciclado ainda (apesar de ter dado um toque especial), as variáveis são enormes. Então, como não estou falando pela faculdade sempre, e já que só volto pra esse antro de “conhecimento” ano que vem, o que ouvi foi que o jornal foi muito bem recebido. Mas é a crítica que faz o material crescer de verdade. Então, quem quiser acrescentar algo ao lido aqui, provavelmente conhece alguém do DA e ficaremos prontos a colocar em futuras tiragens.

No mais, queria deixar bem claro que o estilo largado, fanzinístico e fora-da-lei desta publicação, além de ser totalmente proposital, tenta não seguir padrão algum, pois ele é feito com o mais fiel espírito Gonzo de produção. E o estilo Gonzo de ser, pra quem não sabe, foi concebido pelo jornalista estadunidense Hunter Thompson. Um cara completamente louco que criou esse estilo para (muito felizmente) fugir de toda regra de cretinos manuais de redação e normas de escrita. E ir de encontro a uma mistura de Contra-Cultura e literatura com pitadas de palavrões e obscenidades, com certeza. Claro que uma mínima noção de produção gráfica e gramática são necessárias para se escrever qualquer coisa. Mas porque se preocupar com como o cidadão vai ler, se vai ser confortável para sua visão, se a preposição está correta? Ora, já é difícil fazer um estudante ler qualquer coisa, então melhor que ninguém ligue pra mais nada. O próprio Saramago não usa parágrafos, e o cara é ganhador de Nobel. E quem somos nós pra falarmos do Saramago! ... hehe.
Quem se interessar pelo Thompson, ou pelo menos querer saber porque é chamado Gonzo (e eu digo que não tem nada a ver com os Muppet Babies) ache-o facilmente na internet, e nas mais próximas livrarias. Ele é autor de livros como: Rum-Diário de Um Jornalista Bêbado, Hells Angels e A Grande Caçada aos Tubarões. Ou ainda o filme “Medo e Delírio em Lãs Vegas”, ótima pedida psicodélica para conhecer o cara, que ainda é interpretado perfeitamente pelo Johnny Depp.

por Gabriel Gonçalves

sexta-feira, 20 de julho de 2007

Sem idealismos - Segunda Edição

É muito fácil rotineiramente falar do que são os problemas do país, o que os causa, o que os mantêm. Vista de fora a periferia chega mesmo a ser bonita, inspiradora até do ponto de vista poético. Você observa somente quando as cortinas se abrem, somente o que se deixa expor. Sem perceber o humano presente. Vê a “cidade” dentro da cidade, como se fosse arquitetada, como se fosse patrimônio seu. Uma beleza sem idealismos, realizada como meio de sobrevivência, não uma reação pensada, mas uma reação ao mundo que está fora dos padrões. Percebe os barracos assimétricos, os meninos de pés descalços lutando pela vida num campinho de futebol, as mulheres com sonhos de menina, muitos filhos, um único cômodo, geladeiras vazias e a televisão ligada de forma democrática como os meios insistem em afirmar que são. Sonhos e desejos pautados pelas novelas, num universo à parte e distante dos personagens principais.

Cadê a identificação, a consciência dessa massa concentrada, sem força, aos pés dos “donos”, que controlam e constroem o país? Alguém percebe os dias nessa consciência contrastada em pólos extremos? Precisamos conhecer esses limites gritantes entre a periferia e esse mundo de arranha céus que tenta encobri-la.

São muitos os que mantêm um olhar puro, com a “tranqüilidade” da fome, uma resistência freqüente e triste que só busca sobreviver. Alimenta os sonhos pelos olhos, consome o mundo. Vida dura de infância. Parecia viver durante a noite, enquanto o corpo se contorcia, sem comida, dormindo, é quando lhe vem toda a confiança e fé, essenciais a um caminho tão ligado ao medo da vida.

Você se prende naquele olhar que pede compaixão sem precisar de movimento algum. Faz escolhas. Muda de posição. Vive como um literal senhor, dono da própria opinião, do próprio mundo. Podendo e tentando mudar sua existência, exclusivamente ela, sem reparar sequer ao seu lado. Sempre absorvido por uma “inconsciência” de um mundo diferente, mais falho, crítico, lamentável mesmo, onde vidas parecem não ter valor.

Onde prefere ver a simplicidade? Existem possibilidades por todos os lados. São as cercas ou o céu aberto que lhe chamam atenção? Há alguma esperança nessa imagem, já sem glória alguma, vista pelas janelas da cidade? Não há estrelas que possam contar histórias, seguem-se vidas inteiras, cheias de paranóia e medo. Medo dos que passam pelas ruas, dos que andam ao seu lado, até cumprimentos inspiram desconfiança. Onde estão as pessoas de boa índole, que ainda respeitam, que ainda vêem os que pedem esmola, que moram nas ruas, ou nessas “cidades” inusitadas, arquitetadas pela naturalidade de fugir do frio, desse céu aberto tão seco agora sem planos, sem trajetórias, porque não se pode ver estrelas, e mesmo que elas estivessem lá já não há tempo pra isso.


por Priscila Lima

Editorial - Segunda Edição

Deveria iniciar esse editorial anunciando o luto político instaurado em todo o Diretório Acadêmico e em muitos setores do movimento estudantil, no entanto essa ação seria muito broxante para um jornal chamado Tzão.

Sem dúvida é angustiante, deprimente, triste, revoltante – diversos sentimentos ditos como negativos – observar e viver esse circo de horrores que é a política brasileira. Na verdade esse circo até que seria cômico, com tantos palhaços ridículos usando estúpidas fantasias de bons samaritanos ou de santas virgens, se não fosse tão bizarro.

Olha que legal (esse comentário foi irônico): o deputado federal mais votado no Brasil foi um tal de Paulo Malluf, lá de São Paulo. Essa figura é famosa como um dos maiores corruptos da nossa história, pelo menos, pós-ditadura militar.

Isso pra não falar no Clodovil... (figura mítica da bizarrice).

Em Alagoas a coisa também foi baixa. Pasmem. Collor, o ex-presidente, o único da história brasileira a ser cassado, conseguiu ser eleito senador – oito anos de filé (mignon) para o excelentíssimo senhor (mais ironia).

Não se preocupem, o Ceará não fez por menos. Tivemos o senhor das cuecas eleito, coronéis mantendo o poder e uma família dominando todos os setores importantes de nossa política. Uma família que participa desse domínio a cerca de quinze anos. Não seria isso uma oligarquia?

Realmente isso é mais que suficiente para cortar o tesão de qualquer um(a), pelo menos politicamente. Ainda bem que pra esse tipo de coisa existe um remédio mais eficaz que Viagra ou catuaba, são estudantes tentando se engajar politicamente, querendo ver o mundo de uma forma um tanto diferente.

É, meus queridos, o mundo é nosso. Façamos dele o que bem entendermos, porém com consciência e tesão... Muito tesão...

segunda-feira, 9 de julho de 2007

Correspondência - Primeira Edição

Tem dias em que tudo o que lhe é verdadeiramente importante são suas próprias lembranças. É muito estranho comentar como foi o dia, tentar escrever coisas que aconteceram, que me fizeram lembrar, e às vezes recorrer à pessoa que eu já fui quase implorando que ela volte.
Me impressiono quando lembro. Um daqueles dias em que se busca estar sozinha, vai ao teatro, ao museu, toma café, senta e só observa. Confirma seus méritos com conversas que surgem da forma mais simples.
Você passa a vida esbarrando nas pessoas, busca por elas a cada segundo, tudo o que tenho que fazer é dá margem à possibilidade.
Finalmente estava relendo cartas, uma correspondência que mantive durante alguns meses há três anos. Não importa quantas coisas infantis talvez eu tenha escrito, por algum tempo essas palavras recebidas da forma mais convencional (de certa forma até conservadora. Quem manda cartas? Quem torna as pessoas suficientemente importantes para que lhe valha o tempo de escrever?), eram o meu conforto nos piores dias, acho que até hoje são isso, não importa a data, o que eu leio tem tanto valor hoje quanto teve antes.
Me pergunto diversas vezes o que aconteceu com essas pessoas que já passaram pela minha vida, querendo tanto trazê-las de volta ainda que por minutos, ver em que o tempo foi importante.
Era mesmo como um diálogo, era quase como falar ao telefone, perguntas, respostas, histórias contadas de uma vida inteira, conselhos, opiniões. Infelizmente as coisas mudam, as pessoas se afastam. Talvez nunca os veja de novo, não sei o que me falta pra pegar o telefone agora e depois de três anos, em uma ligação interurbana simplesmente perguntar como está. Não devíamos ter que nos fazer tantas perguntas antes de fazer qualquer coisa, às vezes os impulsos são mais importantes, queria que fossem dessa vez. Queria não me importar com a reação da pessoa do outro lado da linha. Talvez eu reaja um dia desses.
Perguntou-me certa vez o que era mais importante, os lugares ou as pessoas. Só consigo pensar nisso com completa sinceridade agora, quando vejo a falta que podem fazer. O tempo complementa, constrói, muda completamente as nossas vidas, encerra uma história, começa uma outra. Como uma tarde pode fazer falta. Esse foi o tempo que eu tive. Tempo pra mostrar uma vida inteira, pra fazer valer a pena cada segundo, pra tornar qualquer coisa possível.
Mesmo descansando terno, parado em uma caixa cheia das mais simples histórias. Não importa quanto tempo passe, o passado continua a construir os novos dias, tornar eternos. Vai continuar a me empurrar ou puxar de volta quando for necessário. E eu sei que vai ser.

“O amor é libertar aquele que se vai. Vá você também.”

por Priscila Lima

Violências da Universidade - Primeira Edição

“Está tensa: anos de preparo escolar para chegar àquela prova, uma prova que define muita coisa em seu futuro, uma prova para entrar na Universidade Federal do Ceará, ter um diploma, ser uma profissional qualificada. Sonhos e mais sonhos contidos em uma prova, somente uma prova: o vestibular.
Um frio lhe atinge o corpo, uma ânsia de vômito lhe sobe pela garganta. Nervosa, se sente mal.
Pede ao fiscal permissão para ir ao banheiro. É para lá que se dirige – chuá – joga água no rosto. Olha-se no espelho, e no reflexo, vê um homem atrás de si. Acha estranho: ele não deveria estar ali.
A mão asquerosa daquele homem sujo puxa-lhe o corpo e submete-o ao seu. A mesma mão aventura-se em seus seios, rasga-lhe a roupa. Chora. Suplica que pare... Tudo em vão. Perde sua honra e sua vida.”
Este fato aconteceu há alguns anos na Unifor, no dia de uma prova de vestibular para a UFC. Após essa barbárie, outro tipo de violência aconteceu: a violência do silêncio. O constrangedor silêncio dos veículos de comunicação que, para preservar o grupo Queiroz, não se manifestaram. Da universidade, ao ausentar-se das explicações. Os únicos que não ficaram calados foram os corredores: com suas imensas bocas, fizeram o relato que abre este texto.
Outras tantas formas de violência – que ultrapassam o caráter físico – estão presentes no dia-dia, neste espaço de saber.
Tarjas são coladas às bocas dos estudantes continuamente: o direito à livre expressão – garantido pela constituição – é completamente esquecido quando entidades de base ou grupos de estudantes têm seus textos e panfletos censurados pela Universidade. Para que circule qualquer material escrito (cartazes, panfletos, faixas) na Unifor, é preciso autorização da prefeitura do campus, sempre negada quando trata-se de críticas à universidade. Desta forma, só é possível expressá-las para os demais estudantes, subvertendo a ordem e ignorando os apelos dos seguranças do campus – que acatam ordens de seus superiores.
Enquanto a universidade está preocupada em assegurar a censura a seus estudantes, os “causos” contados nos corredores só aumentam: estórias de roubos de carro e violência sexual a um estudante, são alguns exemplos. Destes “causos”, os alunos que circulam no campus acabam nunca sabendo o que é verdade ou mentira.
A violência universitária também se origina de alguns tutores, que se utilizam de seus cargos educacionais para humilhar e expor alguns estudantes ao ridículo. Trabalhos rasgados, riscados e comentários irônicos são bastante comuns na universidade. As universitárias acabam sofrendo mais; velhos carecas lançam piadinhas e constantemente, com olhares vorazes, “secam” os corpos de suas alunas, aproveitando-se do espaço das aulas que ministram.
Os estudantes também se violentam. Além de agressões físicas e morais destinadas aos seus colegas, alguns se utilizam das entidades de base – que têm a função de representatividade estudantil – para seu beneficio próprio, aparelhando-as com partidos políticos e envolvendo-as em casos de desvio de verba – algo que já aconteceu duas vezes no DCE da Unifor.
Porém o caso de auto-violência mais comum entre os universitários é a aceitação e a acomodação em face daquilo que lhes aflige. Não tomar posição e questionar as agressões do cotidiano universitário, é o mesmo de respaldá-las. Deve-se sempre lembrar que “vozes se propagam no vento atingindo os ouvidos mais distantes, rompendo a densa barreira do silêncio”.

Bons de briga, ruins de fama. - Primeira Edição

Chuck Norris, Charles Bronson, Steven Seagal, Jean Claude Van Damme, Sylvester Stallone… com certeza você já viu inúmeros filmes com esses nomes, sejam mofando no fundo de alguma locadora de vídeo e DVD, ou em algum “Domingo Maior” desses da vida. Atores marcados por se prenderem a um estilo cinematográfico e a ele se dedicar toda vida: os filmes de ação e, diga-se de passagem, daqueles de orçamento baixo. Nomes como esses são considerados por muitos verdadeiros “ícones”, mas que, paradoxalmente, tal rótulo de “ícones” é dado de uma forma irônica. Sim, são ídolos trash. Lutadores e/ou fisiculturistas que de repente descobriram que fazer filmes de porrada era uma fórmula lucrativa. Ah, reparem que sequer o figurino precisa variar de um filme para outro!

Porém há de lembrar que esses nomes foram umas raras exceções que deram certo nessa fórmula. E olhe lá o que vocês consideram dar certo! Todos tiveram seus momentos de auge. Qual o admirador de filmes de ação que nunca assistiu “A Força em Alerta 1 e 2”, com Steven Seagal, ou “O Grande Dragão Branco”, com Van Damme? Mas há de lembrar que o mesmo Seagal atuou em filmes como “Hoje Você Morre”, e Van Damme em “O Agente Biológico”. Desses vocês se lembram? É, atualmente eles sobrevivem fazendo esses filmes de nomes toscos que chegam direto nas locadoras e com distribuição limitada. Stallone há anos anda colecionando fracassos na carreira e agora tenta apostar na ressureicao de seus maiores sucessos – as franquias “Rambo” e “Rocky” – para voltar aos holofotes. Charles Bronson, o primeiro ator da história a cobrar uma cachê que atingisse a marca de U$: 1 milhão, após ficar marcado por atuar nos cinco filmes da série “Desejo de Matar”, faleceu no ano de 2003 vítima de pneumonia e da doença de Alzheimer, e só depois de morto teve seu “talento” reconhecido ao ser lembrado pela Academia. Já Chuck Norris, coitado! Após ficar marcado por estrelar “clássicos” como as franquias “Braddock” e “Comando Delta”, hoje é mais lembrado pelas piadinhas que fazem a seu estereótipo do que pelos filmes em si. “Bruce Banner quando fica com raiva se transforma no Hulk; o Hulk quando fica com raiva se transforma no Chuck Norris!”. “Chuck Norris na verdade já morreu há dez anos, acontece que a Morte ainda não teve coragem de dizer isso para ele”. Tudo bem, tudo bem, vou parar!!

E olhe que estou falando dos nomes que deram certo nesse ramo de filmes de ação. Diversos nomes chegaram a aparecer como grandes promessas do ramo e chegaram até a conseguir um certo reconhecimento entre o público alvo, como são os casos de Dolph Lundgreen, Mark Dacascos, Lorenzo Lamas, Michael Paré, Lois Grossett Jr., Gary Busey, entre muitos outros, mas hoje não passam de nomes que recheiam as prateleiras daquelas locadoras de quinta categoria. Ah, não podemos esquecer de Patrick Swayze, que fora os sucessos que fez como o fantasminha apaixonado de “Ghost” e o professor de dança de “Dirty Dancing Ritmo Quente”, teve sua carreira marcada por muitos desses filmes de pancadaria gratuita, como “Matador de Aluguel” e “Black Dog Estrada Alucinante”. Hoje, qualquer papel de coadjuvante em uma produção mediana pode ser considerado luxo para Swayze.

Fora esses, há inúmeros outros atores de filmes de ação que fizeram zilhões de filmes e até hoje não atingiram o devido reconhecimento. Posso citar nomes como Don “The Dragon” Wilson, Jeff Fahey, Mario Van Peebles, Frank Zagarino, Micheal Dudikoff (aquele mesmo de “American Ninja”, que tanto passa nas “Sessões da Tarde”), e mais uma lista interminável. Quer que eu cite grandes sucessos desses nomes? Desculpem, já é pedir demais.

O público alvo dos filmes estrelados por esses disparadores de socos e chutes de plantão pode até ser reduzido, mas, mesmo assim, há um público fiel apreciando a arte de seus trabalhos mesmo que pelo status de trash. Para você que curte um bom filme de ação com muita pancadaria, vá até a locadora mais próxima do seu bairro, e quem sabe em meio aqueles montes de produções de orçamento reduzido com títulos toscos, você encontre algo de interessante. Uma coisa lhes garanto: há sim qualidade, e todos esses nomes citados possuem seu valor.

por Thiago Sampaio

quinta-feira, 5 de julho de 2007

As velas do Mucuripe - Primeira edição

Onde um dia existiu uma vila de pescadores, agora se encontram prédios de luxo e barracas de praia.

Seu José Soares sai de casa à tardinha. Não tem mais que pescar: após mais de 60 anos de carreira é um aposentado. Para chegar ao Mucuripe, de onde toda sua família ainda tira o sustento, ele é obrigado a pegar dois ônibus, pois agora reside no Curió, onde seu vizinho não é mais outro pescador, mas um mecânico de automóveis.
Por muito tempo foi diferente, ele morava na própria região do Mucuripe, onde cresceu jogando bola na areia da praia e aprendendo os mistérios da pesca com o pai. Quando a região ficou valorizada devido à especulação imobiliária, seu barraco foi destruído e ele, expulso do lugar onde passou a vida inteira.
Seu José não foi o único; quando a região valorizou-se a maioria dos residentes, grande parte formada por pescadores, foi retirada daquele local. Sem recursos ou apoio de qualquer entidade, foram obrigados a residir em pontos diversos por toda Fortaleza.
Segundo Possidônio Soares Filho, presidente da colônia dos pescadores Z8, esse fato se iniciou na década de 60 com a construção da Avenida Beira Mar e a demolição de numerosos barracos. Era o início de uma incrível mutação: onde existiam habitações de baixa renda, agora há arranha-céus de luxo. Nem a própria sede da colônia resistiu ao processo especulativo da região; um plebiscito decidiu que o terreno da entidade seria vendido e sua transferência se daria para a região da Praia do Futuro, afastando-se dos pecadores que tem a função de representar.
Segundo o presidente da colônia, esse é um processo sem volta. Uma vez que a área é muito cara e valorizada, os pescadores não teriam condições de readquiri-la e mantê-la. Assim o jangadeiro fica cada vez mais distante do seu local de trabalho, perdendo o contato com suas raízes culturais e afetivas.
A cidade também se vê prejudicada com a retirada do jangadeiro daquela região. Com a diminuição no número de jangadas que navegam naqueles mares, se perde um dos principais cartões postais da Terra do Sol – as velas do Mucuripe, agora eternizadas apenas nos versos de Fagner.
Seu José teme pelo fim da atividade pesqueira na região, pois acredita que em breve não existirá espaço em que o jangadeiro possa manter sua jangada; reclama ainda da falta de apoio da Prefeitura e até mesmo da colônia de pescadores, a qual tem função meramente jurídica. Já o presidente da colônia acredita que, por mais distante que o jangadeiro possa estar do seu local de trabalho, a atividade se manterá por muito tempo, já que o terreno na orla é de posse da União. Lembrou ainda que a Prefeitura ajudou a financiar a construção de uma “casa de apoio ao jangadeiro”, que serve para depósito de materiais, ao lado das barracas de venda de peixe.
Além das questões territoriais, outro ponte que leva as velas do Mucuripe a um sepultamento em arquivos fotográficos, é o distanciamento que os descendentes dos antigos jangadeiros vêm adquirindo da forte cultura que era representada pela vila de pescadores. Longe do mar os mais jovens já não têm oportunidade de aprender o ofício, tradicionalmente transmitido de pai para filho.
Por enquanto seu José ainda pode acompanhar na beira-mar a volta dos filhos de mais um dia de pesca, conversar com os amigos de longa data e apreciar a bela vista, a mesma apreciada pelos turistas proporcionada pelas jangadas que resistem no Mucuripe.


por Livino Neto

Sinceramente - Primeira edição


Oi! Eu sou o senhor estranho!

Meus olhos não são iguais aos seus... são piores!
Minha cabeça também não, ela é enorme.
Meu jeito de andar é patético.
Minhas roupas são de mendigo.
Complexado, eu quase não tenho amigos.

Oras... Não tenha pena de mim!
O que há de errado em ser diferente?

Já diziam que todo homem é uma ilha!

Ah... você chama isso de filosofar?
O que é filosofia?
Não se preocupe em falar besteira,
eu também assisto tv...

Isso mesmo...
Somos todos ignorantes
e o maior ignorante é o que não sabe disso!

Ahh... então você também gosta de beber?
Ora pois! Vamos brindar às nossas diferenças!

Claro, claro!
Também concordo que esse mundo é engraçado.
O mais hilário é como as pessoas levam a vida tão a sério
e ao mesmo tempo não ligam para os rumos que ela leva.

Rá! Agora você me pegou...
Mulheres também são o meu dilema...
Já percebeu que elas ao mesmo tempo estão
e não interessadas em você?

Parece tudo uma grande brincadeira...
e as vezes até me divirto.
Outras vezes não, levo tão profundamente
Que fico amargando nos meus sentimentos.

Mas olha só, conhece Protágoras?

Não, eu não sou nenhum intelectual...
Mas se você quiser eu te apresento a ele.
Pode até ser divertido... arrisque-se!
Talvez ele possa ser o seu único amigo
em uma madrugada não dormida.

Eu não estou interessado em comprar mais nada.

O mando de morpheus já está caindo...
acho melhor você ir embora.
Estarei sempre aqui...

Olhe para o lado... talvez você não entenda tudo que eu fale,
Já estou ficando acostumado
(as pessoas são equações com poucas variáveis).

E continuarei a ser o Senhor Estranho.
Boa noite, obrigado por me ouvir.


por Yargo Gurjão

domingo, 1 de julho de 2007

Hasta... - Primeira Edição

“Todo coração é uma célula revolucionaria.” Essa é uma das máximas que quem assistiu o “Edukators” leva consigo para refletir. Porém não acredito que seja verdade. Na essência do seu real significado talvez, todo coração é um reduto contendo sementes revolucionarias, mas a questão é se elas serão regadas ao longo de vidas entediadas e reacionárias. E, não levando em conta o otimismo da sentença, testemunho com toda convicção que não temos mais para onde ir. Afundamos em um buraco cada vez mais fundo e escuro. Onde para poder sair deste é preciso subir nas cabeças de outras pessoas fazendo uma escada das fracas vidas humanas. Só faltava ter o Cérebro lá embaixo esperando para que fôssemos devorados por uma de suas três cabeças.
A alienação e estagnação geral atingiram seus apogeus. Se era possível se fortalecer pela fraqueza dos outros, acho que agora nem possibilidade há mais para as pobres e poucas almas esclarecidas que ainda se contorcem em seus túmulos construídos com ideologias. Foi chegado a um ponto em que todo coração tornou-se uma célula inerte, que mesmo se fizesse suas mitoses só iria se construir um núcleo apático e conformado com sua situação (ou ainda destino). Mas como pode alguém se conformar? Mas como não? A ignorância é de fato uma benção. Já filosofava o germano bigodudo e pessimista até a morte, mais conhecido com Nietzsche, que só o homem que concebe o bem é virtuoso.
É bem mais fácil não fazer nada. É mais fácil ainda dizer que faz. Dizer que quer mudar o mundo. Fechar os olhos e achar que está fazendo alguma coisa de tamanha importância, que seja relevante para sua própria criação ou ainda que influencie outras gerações. É muito mais fácil dar o peixe. Fácil o suficiente para que todos consigam dormir a noite, enrolados em sonhos despreocupados. Quando deviam se perguntar pra quê? Do que adianta? Porquê? Não existe inimigo maior para lutarmos do que nós mesmos. Não existe conspiração ou ditador imperialista que seja mais difícil de combater que nosso próprio bom senso.
Se o tipo de luta que os Edukators ou qualquer outro grupo fazem tem uma mínima importância cabe a qualquer dono de sua própria consciência julgar. O filme também dá uma cutucada nos “antigos revolucionários”, pessoas que foram militantes em sua juventude mas que no futuro as coisas não ocorreram como queriam. E foram se desligando gradualmente de seus princípios e ideais até que abraçaram o sistema que tanto conflitavam. “Somente desejava uma vida mais confortável”, dizia o personagem. Se o destino de todo espírito revolucionário é se esvair para que o “lado negro” consiga se apossar de seu corpo, não sei. Mas sei qual vai ser a prole desse manto obscuro. Aquele que é conformista, mas confortável, alienado, porém abençoado, competente, e no entanto tão impotente.
Não acredito no ser humano (que me desculpe Anne Frank), pelo menos não nos dias de hoje. Só haverá mudança quando vier do pó, da recriação, da revolução, pessoal e social. Se meu espírito se corromperá? Não sei. Espere e me pergunte daqui a trinta anos.


por Gabriel Gonçalves
P.s.: O texto acima nao necessariamente está de acordo com a política do Diretório Acadêmico.

Bandeijão - Primeira edição

O prato tá vazio, a comida tá cara, muito cara... Você olha para a bandeja do centro de convivência e observa uma pérola em forma de papel: é o premiado Jornal Bandeja.
O dito-cujo é um jornal de serviços – odeio matérias de serviços, mas sou obrigado a concordar que elas têm sua utilidade – que vem recheado de notícias leves, para a sagrada hora do almoço, e propagandas do próprio centro de convivência.
O espaço é interessante: lembra aqueles papéis de bandeja do Mcdonald, aliás a inspiração do jornal deve vir exatamente daí. A diagramação é de primeira: o jornal é realmente muito bonito. O conteúdo é convincente: até poderia fazer com que se acreditasse que é gostoso e econômico comer no centro de convivência. É falho por um único detalhe: seu prato continua vazio. Dizer que com SOMENTE quatro reais você consegue comprar um pacote de biscoito e um refrigerante, foge à lógica estudantil de pouco dinheiro e muita fome.
Este espaço também é destinado a serviços – por mais que eu odeie matérias de serviços – porém serviços de utilidade estudantil, informando onde realmente se encontra comida a preço acessível e de qualidade... E, claro, nosso recheio será com noticias nem tão leves assim...

Sempre Coca-Cola

Sei que a Coca-Cola é uma marca norte-americana, que está abraçada ao mal do capitalismo acidental, uma arma de dominação ianque, um veneno neoliberal e blá blá blá... Mas convenhamos, se o capitalismo fez uma coisa bem feita, esta foi a Coca-Cola, e eu, particularmente, ficaria muito feliz em apreciar esta marca na Unifor e, consequentemente, não ser forçado a consumir Indaiá como refrigerante.
Seria lindo se as pessoas parassem de consumir a Coca por livre vontade; agora, ser abrigado a isso é forçar a barra, até porque a Unifor está pouco se lixando para questões sociais e ideológicas que envolvam uma marca. O grande motivo para a não venda dessa especiaria, especula-se que seja uma briga entre as famílias Queiroz (donos da Unifor) e Jereissate (detentores da distribuição da marca americana no Ceará).
Sinceramente, somos estudantes, pagamos caro na universidade e não temos nada a ver com birrinhas familiares – se quiserem que se matem – portanto é inaceitável que determinem o que eu vou beber ou não. O pior é que essa decisão foi imposta também ao Gonzaga e ao Bigode... Seriam eles os donos do mundo?

Sai o Nutrição...

...entra o Nostra Gula, cobrando mais caro nos 100 gramas. Fica a esperança que nesse novo recinto alimentício não sirvam frango com recheio de tapuru, pois a esperança de se economizar um pouquinho sequer, já se foi há muito tempo.
Os estudantes precisam mostrar que o que querem é um restaurante universitário, com alimentação de baixo custo e de qualidade... Galera, o abaixo- assinado ainda tá rolando, a meta são quatro mil assinaturas. Portanto, peguem suas canetas e colaborem. Nunca esqueçam: Estudante unido é gente pra caralho; conseguir quatro mil assinaturas é fácil, fácil...

P.s.: As opiniões acima (principalmente a da Coca Cola) nao necessariamente condizem com as dos outros criadores do Jornal.

Políticas e politicagens - Primeira Edição

Movimento estudantil

Falaram pra fazer uma coluna sobre movimento estudantil – eu toscamente topei – mas me deparo com uma profunda dúvida: Que diabo vem ser o movimento estudantil?
Posso garantir que nunca teremos uma única resposta para esse questionamento. Alguns vão dizer que movimento estudantil é uma escola para partido político; outros, que são um bando de vagabundos metidos a revolucionários; outros tantos nada dirão.
Faço movimento estudantil, sou de um Diretório Acadêmico, atuo no coletivo de comunicação no Ceará. Nunca fui filiado a partido político e, até agora, nunca pretendi ser. Quanto ao vagabundo metido a revolucionário, não posso negar tal adjetivação. Porém, também não sou mais vagabundo que muitos e nem mais metido a revolucionário que outros que não fazem “movimento estudantil”.
Na minha visão, movimento estudantil são sonhos para todos, sonhados por poucos. Movimento estudantil é movimento social. Um movimento que propõe reinventar a sociedade, buscando alternativas, enquanto ainda temos “saco” e esperança para buscá-las.
No fundo ainda não encontrei uma definição e espero, sinceramente, que ninguém venha cobrá-la, a não ser eu mesmo.

DCE

O Diretório Central dos Estudantes – aquela sala lá perto do campo, onde os estudantes tiram as carteirinhas – está com uma nova gestão. O Gilber (que é tão de oposição que faz oposição a si mesmo), depois de um ano e meio, finalmente largou o osso.
Pra quem não sabe, a gestão passada, Acorda DCE, foi uma gestão no mínimo polêmica. Problemas e atritos não faltaram. Mas, finalmente as eleições aconteceram – eletrônicas, como ex-presidente adora ressaltar – e entre quatro chapas inscritas (de propostas praticamente idênticas). A MUDE ganhou.
Vou citar algumas propostas da chapa vencedora, para que a mesma possa ser cobrada:
· Um restaurante Universitário
· Não aumento das mensalidades
· Aumento da frota de ônibus para a universidade
· Carteirinhas de estudantes a preço de custo

Essas são algumas promessas. Como, quando e se serão cumpridas é pleno problema deles. Resta-nos acompanhar, ajudar na medida do possível e COBRAR.

Perguntar não ofende:

No que pensaram primeiro? Na grafia MUDE, ou no seu significado: Movimento Unifor pela Democracia e Ética?

1,2,3 - Rapidinhas das eleições

1) Não questiono o João Alfredo – sua integridade é fato para todos que acompanham a política cearense – mas que o PinhoSol vacilou, isso vacilou. O panfleto do deputado está bem escrito e muito poético, porém utiliza de palavras um tanto complicadas. Fica a pergunta: Que socialismo é esse que não se comunica com as massas? No fundo o PinhoSol sabe que sua força está na elite acadêmica.
2) O material do Guimarães tem um jargão que já está gerando piadas: Guimarães, a cara do PT. Os mais maldosos já perguntam se a cara do PT é o cuecão.
3) Roubo essa do MSN do Coutinho: Cid e Lucio “são farinha do mesmo Tasso”.

Deliberações do ENECOM.

Decisões importantes foram tiradas pela Executiva Nacional dos Estudantes de Comunicação Social (ENECOS). Algumas delas são:
1- O próximo Congresso Brasileiro dos Estudantes de Comunicação Social (Cobrecos) será em São Paulo, em janeiro. O cobrecos é um congresso deliberativo onde são votadas as diretrizes da Enecos para o próximo ano.
2- As inscrições das chapas para a executiva foram adiadas para um Conecom em setembro, o qual ocorrerá em paralelo ao Encontro Regional do Rio de Janeiro.
3- O Erecom (Encontro Regional) não será mais Norte e Nordeste (inteiro), mas ficará composto por Norte e Nordeste 3, o próximo a ser realizado em Fortaleza. As demais regionais do Nordeste terão seus encontros individuais.
4- A sede do próximo Enecom será votada no Cobrecos. As cidades candidatas são Goiânia e Vitória.
5- Apresentação das cartilhas de qualidade de formação e de boicote ao Enade.

Big Brother Chuveiro

Um fato triste marcou e revoltou diversos estudantes que foram ao Enecom. Em um encontro de combate às opressões, diversas universitárias foram constrangidas ao serem espiadas enquanto tomavam banho.
As instalações de banho eram feitas de alumínio e mantinham lado a lado os chuveiros masculinos e femininos; não tardou para que buracos fossem feitos nas paredes, permitindo que se olhasse o outro lado.
As congressistas, além da humilhação de serem observadas sem conssentimento, ainda foram obrigadas a escutar comentários obscenos. Uma estudante de Sergipe diz ter recebido uma camisinha cheia de esperma enquanto tomava banho.

sexta-feira, 29 de junho de 2007

Enecom 2006 - Primeira Edição

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Sete dias. Este foi o período que durou o maior encontro nacional já realizado pela Enecos (Executiva Nacional dos Estudantes de Comunicação). O Enecom (Encontro Nacional dos Estudantes de Comunicação) deste ano teve a participação de aproximadamente 1700 congressistas de todo o país – destes, a delegação do Ceará foi composta por 100 estudantes – e teve como foco principal o combate às opressões.

Tudo começou bem antes do dia seis de agosto (data inicial do Encontro). Cada delegação, em seu coletivo, ficou responsável de formar seus congressistas: no Estado do Ceará foram quatro pré-encontros, onde se debateu a estrutura do Encontro, combate às opressões, qualidade de formação e TV digital. Tudo isso aconteceu no mês de julho, afinal, no movimento estudantil não existem férias.

Tudo pronto, só faltava a mufunfa. Com muito choro e sacrifício, Unifor e UFC, cada uma, liberaram dois mil reais para a viajem de seus estudantes; umas tantas rifas foram vendidas e outros tantos pedágios feitos, e os estudantes – como sempre lisos – coçaram seus bolsos, finalmente fretando dois ônibus da empresa Itapemirim. O grito yeeeeeehh ecoou por todo o Nordeste, até que a delegação do Ceará chegou à UFBA no dia seis de agosto para o início do evento.

Os dois primeiros dias do Enecom foram marcados por sérios problemas de estrutura, o que valeu para o encontro o “carinhoso” apelido EneCaos. As principais reclamações foram devido à demora para o credenciamento dos congressistas (alguns chegaram às oito da manhã e esperaram, no sol, até o meio dia para se credenciar) e pelas “quedas” dos NVs (núcleos de vivências) e de um painel, que necessitavam de transporte para locais externos – os quais a CO (comissão organizadora) não havia providenciado.

Depois disso o encontro andou com relativa tranqüilidade – apesar da forte chuva que inundou algumas barracas no camping ou de breves racionamentos na alimentação – as oficinas funcionaram tranquilamente apresentando bons resultados, e alguns NVs foram bastante elogiados.

O dia “D” foi a quinta-feira. Neste dia aconteceram o painel sobre opressões e o ato contra o Enade (Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes). O painel, que tinha na mesa representantes do movimento negro, das mulheres e do movimento GLBTT, emocionou uma boa quantidade de congressistas, levando-os às lágrimas. O segundo momento foi o ato contra o Enade: os estudantes saíram da reitoria da UFBA e caminharam até o Pelourinho – palco histórico de luta social na Bahia – cantando palavras de ordem como “quem não pula faz Enade” (onde todos pulavam) e “o dinheiro do meu pai não é capim, eu zero o Enade sim”. O ato também teve um “beijaço” coletivo, numa demonstração de carinho e afeto entre os militantes do grupo GLBTT.

A sexta também foi um dia de fortes emoções, porém relativas às eleições da Executiva. O processo eleitoral foi marcado por uma série de ações lamentáveis para todo o movimento estudantil, o que resultou na retirada das duas chapas, adiando o início do processo para um Conecom em setembro.

Depois de uma sexta tumultuada, restou para os encontristas um sábado de despedidas e com uma festa final marcada pela apresentação da banda cearense Samba Hemp Club, considerada pela CO a melhor banda do ENECOM 2006.

O encontro chegou ao fim em sua sede, porém continua em cada coletivo, em cada militante, em qualquer regional do país, levantando as bandeiras de luta da Enecos ou do Movimento Estudantil de Comunicação de forma geral.

Editorial - Primeira Edição

Bom dia, caros colegas,

O que você tem em mãos é o primeiro número de um jornal mensal, feito de estudantes para estudantes, com o objetivo de dar voz a esses que não são meros transeuntes na Universidade de Fortaleza.
Você deve ter notado o explícito trocadilho no nome do jornal – não sei se explicações serão realmente necessárias, porém elas serão dadas. Tzão, em um primeiro ponto de vista, deve ser interpretado como aumentativo de T, ou seja, um T bem grandão (referência direta ao bloco T – como somos criativos!). Se levarmos para o outro ponto de vista, nos remetemos à palavra tesão. Segundo o pai dos burros, a palavra tesão tem os seguintes sentidos: 1- estado ou qualidade de teso, tesura; 2- embate violento, ímpeto; 3- desejo sexual feminino ou masculino; 4- estado do pênis em ereção. Aqui iremos além dos sentidos eróticos – obscenos para os mais conservadores – por mais que o erótico seja indispensável.
Acreditamos que o tesão é um fator fundamental para a vida, principalmente a vida universitária. Infelizmente esse essencial fator é, hoje, cada vez mais escasso. Mostremos então o contrário, mostremos – com erotismo ou não – o tesão em se relacionar, o tesão em se comunicar e, principalmente, o tesão de sermos estudantes de Comunicação Social. Agora que você já entende porque assim foi batizado este jornal, podemos voltar ao que ele pretende ser.
O objetivo é simples: é produzir um jornal que seja, antes de tudo, libertário. Um jornal que nos liberte da escrita que nos é jogada, goela abaixo, pelos manuais, um jornal que nos dê espaço de fala sem censura prévia, um jornal sem ligação com partidos políticos e grupos econômicos, um jornal que realmente seja dos estudantes e que fale como estudante.
Sei que vão dizer que esse jornal libertário é plena utopia. Que seja, então. Mas se não sonharmos agora, quando poderemos sonhar? No mercado de trabalho somos escravos das decisões dos patrões; enquanto estudantes somos nossos próprios patrões. Aproveitemos para romper com nossas próprias amarras.
Participe também, você pode enviar qualquer material escrito: crônica, matéria, poesia... Sei lá, qualquer coisa. Leremos todas com carinho e atenção, publicando-as sempre que possível.
Livino Neto, secretário de assuntos estudantis do Diretório Acadêmico Patativa do Assaré - estudante com muito tesão.